Vídeo Palestra #2 - O poder popular e a organização dos trabalhadores - Gilmar Mauro.
http://www.youtube.com/watch?v=0TDwsfhPuiY
Gilmar Mauro é dirigente do MST-SP e, neste vídeo, tem como interlocutor Valério Arcary (Dirigente do PSTU). O tema da palestra é poder popular e instrumentos de luta no Brasil e no mundo. Seguem alguns destaques da intervenção de Gilmar Mauro.
- Não se deve separar luta econômica da luta política sob o risco de se separar o sujeito da luta econômica do sujeito da luta política. Esta separação se traduz na ideia do movimento social fazer exclusivamente luta social e o partido político fazer luta política. Sujeito aqui pode ser entendido não só como indivíduo, mas como sujeitos coletivos.
- A luta pela reforma agrária inicia-se como uma luta econômica pontual que se traduzirá em uma luta política. Daí a vedação desta oposição entre o econômico e o político.
- Entretanto, o movimento social é incapaz de universalizar as lutas pela sua própria natureza reivindicatória pontual. (O MST - tal qual o partido bolchevique - seria capaz de ser a vanguarda de uma revolução socialista no Brasil? Parece-me que não).
- Mas Gilmar chama atenção se não seria o caso de fazer a mesma problematização com os sindicatos. Também não estão os mesmos presos numa lógica economicisita?
- Distanciamento das direções e suas bases e lógica economicista levaram a burocratização de sindicatos e partidos políticos.
- Para Gilmar, tal contradição não é apenas um problema de direção. Caso o fosse, apenas o Brasil estaria em crise. Toda a esquerda mundial encontra-se num impasse histórico. Lembrar as passagens de Mészaros em que ele aponta as ilusões parlamentares e a tática de luta por meio do estado (desconsiderando a penetração do capital nos aparelhos de estado) como parte do impasse histórico mundial da esquerda, para além de "traições pessoais" da social-democracia no poder.
- PT cumpriu um papel de articulação de diversas lutas. Hoje não é mais um partido relacionado à revolução. Em parte o erro da esquerda foi criar ilusão em torno do PT e do PT no poder. Ainda assim, foi uma experiência histórica importante no país.
- Estamos numa conjuntura em que é possível fazer atividades massivas. Por isso é necessária uma nova cultura política que agregue mais pessoas, evitando sectarismo. Isto é necessário pois é possível que venha uma conjuntura em que reuniões massivas sejam inviáveis – como na época da ditadura militar, quando pequenos grupos de vanguarda se mobilizavam no sentido de solicitar a adesão popular, sem sucesso. Esta política não é possível desde que nenhuma revolução se sustenta sem apoio do movimento de massas.
- Regatar todas as experiências históricas das lutas socialistas, mas sem deixar de pensar na construção de novos instrumentos. Instrumentos são meios, não fins. Como a enxada hoje é obsoleta, hoje pode ser necessários novos instrumentos como o trator. Para isso, é necessário um balanço histórico e novas experiências políticas afim de construir novas ferramentas de luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário