sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

ESCRITOS DE JUVENTUDE DE VLADÍMIR ILICH LÊNIN – 1898 / 1905

 ESCRITOS DE JUVENTUDE DE VLADÍMIR ILICH LÊNIN – 1898 / 1905




 

“A social-democracia Russa é ainda muito nova. Está apenas emergindo de seu estado embrionário no qual as questões teóricas predominaram. Está somente começando a desenvolver sua atividade prática. (...) A Social-democracia Russa ainda está defrontada com um enorme, quase intocado campo de trabalho. O despertar da classe trabalhadora russa, seu despertar espontâneo para o conhecimento, a organização, o socialismo, para a luta contra seus exploradores e opressores se tornou mais disseminada, mais fortemente aparente a cada dia. O enorme progresso feito pelo capitalismo russo nos últimos tempos é uma garantia de que o movimento da classe trabalhadora vai crescer ininterruptamente em largura e profundidade. Aparentemente estamos passando pelo período do ciclo capitalista quando a indústria está “prosperando”, quando os negócios estão vivos, quando as fábricas estão trabalhando com capacidade total e quando inúmeras novas fábricas, novas empresas, companhias de capital social, empresas ferroviárias etc. etc. estão crescendo como cogumelos. Ninguém precisa ser profeta para predizer a inevitável e bem aguda quebra que sucederá a esse período de “prosperidade” industrial. Essa quebra vai arruinar massas de pequenos proprietários, vai jogar massas de trabalhadores nas fileiras do desemprego e vai, portanto, confrontar todos os trabalhadores de forma aguda com os problemas do socialismo e da democracia com que já há tempos cada trabalhador pensante, com consciência de classe se defronta”. (V. I. Lênin – “As tarefas dos Social-Democratas Russos” - 1897).

 

A passagem supracitada consta do panfleto “As Tarefas dos Social-democratas Russos”, redigido por Lênin desde o seu exílio na Sibéria no ano de 1897. O documento retrata um instante do movimento revolucionário russo (àquele período denominado “social-democracia”), poucos instantes da fundação do Partido Operário Social Democrata Russa (POSDR), que se daria em março do ano de 1898.

 

Entre os anos de 1884/1894, o número de partidários da nova tendência marxista na Rússia ainda era contada em unidades. A social-democracia russa existia de forma independente de movimento operário, de forma embrionária

 

Entre 1894 e 1898, a social democracia já aparece como um movimento social, uma expressão das massas populares, culminando com a forma partidária. Nas palavras de Lênin, nas conclusões do seu “O Que Fazer” (1902):

 

“Foi o período da infância e da adolescência. Com a rapidez de uma epidemia, propaga-se na intelligentsia a paixão generalizada pela luta contra o populismo e a ida aos operários, a paixão geral dos operários pelas greves. O movimento fez enormes progressos. A maioria dos dirigentes eram pessoas muito jovens, que estavam longe de atingir ‘a idade de 35 anos’ que o senhor N. Mikháiolvski considerava uma espécie de limite natural. Por sua juventude, não estavam preparados para o trabalho prático e desapareceram de cena com assombrosa velocidade. Mas o alcance do seu trabalho era, na maioria dos casos, bastante amplo”.

 

Neste contexto, faria sentido dizer haver um pensamento do “jovem Lênin”, diferenciado das ideias de Lênin na sua plena maturidade?

 

Esta clivagem é nitidamente identificada em Marx por Althusser. E de fato, há um divisão ou, nos termos do filósofo francês, um corte epistemológico, situado mais ou menos no ano de 1846, quando da redação d’a Ideologia Alemã: a ruptura com conceitos de viés ideológico como “essência humana” e “alienação” para em seu lugar inaugurar a ciência da histórica,   o anti-humanismo teórico que afirma a prevalência da luta de classes e a objetividade na análise da sociedade, a mudança do enfoque dos temas filosóficos para a crítica da economia política, tudo isso sugere de fato uma ausência mesmo de solução de continuidade entre o jovem hegeliano Marx e o autor d’O Capital (1867).

 

Contudo, não nos parece ser possível dizer o mesmo de Lênin. Não existe uma ruptura, partindo dos seus escritos contra os populistas russos ainda no século XIX, as suas polêmicas sobre o problema da organização partidária d’O Que Fazer (1902), suas análises sobre o Imperialismo alguns anos após a I Guerra Mundial (1917) e os seus escritos tardios sobre as tarefas na construção do socialismo na URSS. Se há algo que caracteriza o pensamento de Lênin durante todo este período é a conexão íntima dos problemas teóricos com os problemas concretos do movimento revolucionário (“social-democrata”) na Rússia. Daí porque algumas assertivas de Lênin popularizaram-se tanto como a ideia da “teoria como guia para ação” ou a exigência da “análise concreta dos problemas concretos”.

 

Isto significa dizer que da leitura dos escritos de Lênin entre 1898 e 1905, estabelecendo como marcos a fundação do POSDR e o ensaio geral da grande Revolução de 1917, levam o leitor ao contato direto com os problemas fundamentais da conjuntura, as polêmicas que dividiam o movimento, a descrição das classes sociais, da suas lutas, dos momentos de acirramento e de tréguas.

 

Exemplos.

 

No artigo “A Que Herança Renunciamos” (1897), Lênin esclarece como pensadores da grande burguesia liberal tinham maior clareza do sentido histórico do desenvolvimento do capitalismo no campo, quando comparados ao pensamento pequeno burguês, ou mesmo “socialista”, que propugnava a valorização da comunidade rural (“mir”), a família patriarcal, a pose comunal da terra e o direito consuetudinário. A abolição da servidão na Rússia, ocorrido em 1861, ainda abria espaço para vestígios do feudalismo, com leis que impediam o camponês de alienar a sua terra ou mesmo abandonar espaços onde os latifundiários necessitassem de braços.

 

A luta consequente contra os resquícios do feudalismo fazia com que observadores influenciados pelo iluminismo tradicional conseguissem ter uma visão de maior alcance do que ocorria no campo na Rússia do que pequenos burgueses que objetivamente se opunham à total destruição do regime servil.

 

É justamente pelas análises de Lênin estarem sempre ancoradas na mais rigorosa delimitação das classes, frações de classes e os interesses em disputa colocados em cada conjuntura, que as suas análises, mesmo tanto tampo depois, efetivamente nos servem de precioso guia de ação.

 

Em outra polêmica, desde o artigo “A Ditadura Democrática Revolucionária do Proletariado e do Campesinato” (1905), Lênin menciona a luta pelo governo Governo Provisório, qual seja, a forma jurídica de um estado cujo conteúdo de classe é o da “ditadura revolucionária do proletariado e do campesinato”. O país passava por uma conflagração de greves já de natureza política, nitidamente após o domingo sangrento de Janeiro de 1905. A palavra de ordem é o da derrubada da autocracia, a instituição de um governo provisório até a constituição de uma assembleia constituinte. No que se refere às alianças provisórias com classes e frações de classe que estão de acordo com a palavra de ordem, não se deve esquecer: golpear juntos, caminhar separadamente, não misturar as organizações, manter a independência de classe e, importante, vigiar o aliado do momento com a mesma diligência como que vigiamos o inimigo comum.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

NOTAS SOBRE LOUIS ALTHUSSER

 NOTAS SOBRE LOUIS ALTHUSSER


 



“O grande interesse político e teórico da Revolução Cultural é o de constituir um solene evocação da concepção marxista da luta de classes e da revolução. A questão da revolução socialista não é resolvida com a tomada do poder e a socialização dos meios de produção. A luta de classes continua sob o socialismo, em um mundo submetido às ameaças do imperialismo. É então, antes de mais nada, na ideologia que a luta de classes decide a sorte do socialismo: progresso ou regressão, via revolucionária ou via capitalista”. “Sobre a Revolução Cultural”. Louis Althusser. Cahiers Marxistes-leninistes nº 141966.  Tradução Márcio Bilharino Naves.  

 

A primazia da ciência sobre a ideologia. A ruptura ou o corte epistemológico entre as fases de juventude e maturidade de Marx. O anti-humanismo teórico que afirma a prevalência da luta de classes e a objetividade na análise da sociedade. A mais completa rigorosidade na utilização dos conceitos teóricos do marxismo. Estas são algumas das principais propostas suscitadas pelo filósofo marxista francês Louis Althusser.

 

É certo que no Brasil, suas ideias ainda não têm a mesma repercussão de outros pensadores marxistas como Antonio Gramsci e Lukács, cujas orientações metodológicas são bastante diversas da proposta althusseriana.

 

Ao contrário de Gramsci, Althusser não entende o marxismo como uma nova filosofia da Praxis, mas sim como uma nova prática dentro da filosofia[1]. Em outras palavras, Marx não suprime a filosofia, não elabora todas as partes de uma nova filosofia, uma antifilosofia ou uma filosofia que rompe com toda a tradição filosófica passada: o que Marx faz é revolucionar a filosofia, ou seja instaurar uma nova prática na (dentro da) filosofia.   

 

Ao contrário de Lukács, bem como de pensadores lucaksianos brasileiros bastante conhecidos como Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder, não existe em Althusser uma solução de continuidade entre as ideias de um jovem Marx desde os seus Manuscritos Econômico-filosóficos de 1844 e o seu principal trabalho de maturidade que é a realização d’O Capital (1867).

 

Conceitos de um humanismo teórico como “alienação” e “essência humana” são suprimidos nesta viragem: rompe-se com a perspectiva ideológica para se inaugurar a perspectiva científica, esta última correspondendo de fato à grande contribuição teórico-metodológica de Marx, que se equipara, para todos os efeitos, aos impactos das descobertas de Tales de Mileto na Matemática e Galileu Galilei na Física.

 

No escrito “A Querela do Humanismo” (1966) Althusser chama inclusive atenção para o fato de estarmos ainda historicamente muito perto de Marx para apreciar objetivamente o peso da revolução científica que o mesmo provocou.

 

Portanto, para Althusser, o marxismo na sua acepção científica e não ideológica é necessariamente um “não humanismo”. Além disso, o marxismo é entendido como ciência, ou mais precisamente, a ciência da história:

 

“Essa tese declara que a ciência da história marxista e a filosofia marxista só se puderam constituir sobre a base de uma ruptura com as filosofias humanistas e antropológicas anteriores, e que o marxismo é, teoricamente falando, ou seja, do ponto de vista de seus conceitos científicos e filosóficos, um anti-humanismo, ou mais precisamente, um a-humanismo teórico

 

Quando proclamamos esse princípio, temos em vista algo de extremamente precioso, a saber que, na teoria da maturidade (ciência e filosofia) não encontramos mais entre os princípios científicos e filosóficos de base da teoria de Marx, conceitos antropológicos ou humanistas. Esses conceitos figuravam nas Obras de Juventude de Marx (os conceitos de humanismo, alienação, desalienação, “perda da essência humana”, etc.). Eles faziam então organicamente parte da teoria, ainda ideológica, que Marx concebia da filosofia, da história e mesmo da “crítica” da Economia Política (p. ex., nos Manuscritos de 1844). Após a “ruptura” que começa somente nos anos 1845 e cujo “trabalho” se estende por longos anos, Marx rejeita sua concepção antropológico-humanista (teórica) de juventude. Esses conceitos ideológicos desaparecem, e são substituídos por outros conceitos: os conceitos bem conhecidos do materialismo histórico, dos conceitos de modo de produção,  de forças produtivas, de relações de produção, de superestrutura jurídico-política e ideológica etc.”.

 

Por suposto, este combate ao viés humanista do Marxismo não correspondia a uma mera discussão no nível teórico e acadêmico, mas a um combate feito por Althusser ao posicionamento da direção do Partido Comunista Francês (PCF) ao longo dos anos 1960, nitidamente em face das ideias de Roger Garaudy que defendia uma visão de um comunismo humanista, aberto à espiritualidade e em diálogo com o cristianismo.

 

Para Althusser, em contraponto, o anti-humanismo (a-humanismo) teórico aponta para a primazia da luta de classes, sendo certo que a concepção idealista na filosofia corresponde à leitura burguesa do mundo, algo bastante explicitado já há algum tempo por Lênin.

 

Nestas polêmicas no PCF, extraímos ainda hoje lições no sentido de que os comunistas podem firmar qualquer tipo de compromisso tático, exceto os compromissos teóricos. Neste sentido, quanto mais os socialistas estejam empenhados numa política de unidade, mais eles devem estar atentos com os seus princípios.

 

O marxismo não é uma narrativa ou mais uma visão social de mundo, dentre tantas outras. O marxismo deve ser entendido como ciência e o mais avançado método até então descoberto de julgamento objetivo da história. As restrições que intelectuais de outras filiações teóricas têm em relação a Althusser certamente envolve mais do que discordâncias pontuais sobre o peso e importância das obras de juventude de Marx, o problema da ideologia, os conceitos de alienação, etc. Trata-se antes disto da dificuldade de assumir o marxismo como o único meio de compreensão objetiva da história disponível, no limite assumir de forma consequente o leninismo no âmbito acadêmico, abrindo sempre caminho para capitulações ou vacilações no plano teórico.



[1] ALTHUSSER, Louis. “Sobre Brecht e Marx”. 1968.

domingo, 10 de janeiro de 2021

“A Mãe” – Máximo Górki

 “A Mãe” – Máximo Górki




 

Resenha Livro - “A Mãe” – Máximo Górki – Ed. Expressão Popular – 2ª Edição – São Paulo – 2011

 

“ – A nossa procissão marcha agora sob o nome de um novo Deus, o Deus da luz e da verdade, o Deus da razão e do bem! O nosso objetivo está longe e as coroas de espinhos, muito perto! Aqueles que não têm fé na força da verdade, que não têm coragem de defendê-la até a morte, aqueles que não têm confiança neles próprios, que se afastem! Nós apelamos a que se juntem a nós aqueles que acreditem na nossa vitória; os que não veem o nosso objetivo que não nos sigam, pois só encontrarão percalços. Cerrai fileiras, camaradas! Viva a festa dos homens livres! Viva o 1º de Maio”.

 

Este é o mais conhecido romance do escritório russo Máximo Górki, redigido em 1907, e que retrata com realismo e fidelidade a onda de movimentos grevistas que varreu a Rússia entre 1905/1907. O período foi chamado de “ensaio geral da Revolução Russa de 1917”, tendo como ponto de partida a manifestação pacífica de 22/01/1905 em São Petersburgo quando os trabalhadores intentaram entregar uma petição ao Czar para reivindicar alguns direitos democráticos como aumento de salários, reduções de jornada de trabalho e melhores condições de trabalho.

 

Como se sabe, esta manifestação, presidida por um padre, terminou num massacre que ficou conhecido na história como Domingo Sangrento.

 

Este romance remonta a estes primeiros capítulos de organização e mobilização do povo e dos trabalhadores da Rússia, processo que culminaria anos depois nas revoluções de fevereiro de 1917, com a derrubada do czarismo, e de outubro de 1917, com a tomada do poder pelos bolcheviques, liderados por Lênin.

 

O romance inspira-se em acontecimentos reais do 1º de Maio de 1902, na cidade de Sormovo, e o subsequente julgamento dos seus participantes. As personagens centrais desses acontecimentos – o operário fabril Piotr Zalomov e sua mãe, Ana Kirilovna Zalomova – são retratados como personagens no romance. Pavel Vlassov é um jovem ativista político e operário, reúne um pequeno grupo de estudos socialistas clandestino na sua casa, promoverá com seus camaradas a manifestação do primeiro de maio e por conta disto, será preso. Sua mãe, que é a personagem principal, chama-se Pelagueia Nilovna, tem 40 anos e passara 20 anos casada com o serralheiro Vlassov, que bebia e a espancava. Com a morte de Vlassov, Pavel passa a ser o homem da casa e une a experiência de um passado de violência doméstica e arbitrariedades na fábrica à gradual e progressiva tomada de consciência política.

 

A mãe também tem um lento despertar político: seu ponto de partida é a morte de sua marido violento e a presença dos camaradas de seu filho, que se reúnem clandestinamente na sua casa. É provável que esta lenta mas constante escaldada da consciência crítica da mãe diga respeito ao processo de tomada de consciência política tardia da “mãe Rússia”.

 

Um dos fatores explicativos da Revolução Russa certamente é o atraso político daquele país que até fevereiro de 1917 ainda estava sob um regime político de tipo absolutismo, com uma polícia política (Okhrana) que perseguia duramente qualquer sinal de descontentamento. A imprensa é censurada e qualquer manifestação contrária ao czar implica na prisão, deportação ou até a morte. Pode-se falar num anacronismo histórico a existência do czarismo e da Okhrana na Rússia de 1917, se se levar em consideração que na França o Antigo Regime já havia sido derrubado de forma revolucionária em 1789!

 

A “mãe”, protagonista do romance de Górki, parece ser uma espécie de metáfora da “mãe Rússia”, um país profundamente atrasado e que, por conta das contradições oriundas do anacronismo político, será o elo mais fraco a ser quebrado na cadeia de dominação capitalista. A contradição profunda decorrente do atraso político possibilitará ao fim e a cabo a tomada do poder político pelos socialistas de forma pioneira no mundo, em outubro de 1917.

 

Inicialmente, a mãe sente medo que algo aconteça com o seu filho. Não entende a disposição daqueles jovens em arriscar tudo pela causa, que apareceria para eles como sendo a luta pela “verdade”. Após a prisão de Pavel decorrente de sua participação na manifestação do primeiro de maio, a mãe passa a atuar politicamente: distribui clandestinamente na fábrica jornais do movimento, iludindo as autoridades dizendo estar vendendo refeições aos operários. Posteriormente, a mãe irá assumir outras tarefas militantes, não só motivada pelo amor ao seu filho, mas pela efetiva concordância com as teses dos movimentos.

 

O estilo da narrativa é o realismo, contando com a descrição objetiva das personagens e dos ambientes. Mas é inequívoco que este realismo na forma se funde com um romantismo de fundo, de modo que a história d’a Mãe e seu filho Pavel surge como algo de heroico. As histórias de resistência das personagens que passam pelas prisões e deportações sugerem que o autor não só buscava descrever realisticamente as lutas operárias, mas incutir no leitor um encanto que o envolvesse e, talvez, o engajasse no movimento.

 

Górki, como se sabe, apoiou a revolução de outubro e esteve sempre ao lado dos bolcheviques.

 

Órfão aos 7 anos, desprovido de qualquer formação, o escritor começou a trabalhar aos nove anos de idade, como aprendiz de sapateiro, ajudante de cozinheiro em navios, jardineiro, padeiro, vendedor de frutas e ferroviário. Entre 1899 e 1906, militou no Partido Social-democrata russo, quando conheceu Lênin, de quem se tornou amigo pessoal.

 

Górki participou da Revolução de 1905, quando já era um escritor conhecido, mas ainda assim foi preso. Vitoriosa a Revolução de Outubro, o autor manifestou o seu apoio condicional aos bolcheviques. Já no período estalinista, no ano de 1932, o Partido Comunista da União Soviética criou a União dos Escritores Socialistas, da qual Górki foi eleito o primeiro presidente.

 

Segundo Frei Betto, “a partir daquele momento, o escritor passou a defender a ortodoxia estalinista, forjando o conceito de ‘realismo socialista’ – tendência artística que despojava a arte de sua natureza estética para transformá-la numa captação ideológica da realidade”. (“Gorki e as Malhas do Poder”). O escritor faleceu no ano de 1936 de pneumonia, tendo sido sepultado com todas as honras oficiais, com a presença de Stálin e Molotov.