quarta-feira, 21 de agosto de 2019

“O Trotskysmo A Serviço da CIA Contra Os Países Socialistas” – Ludo Martens


“O Trotskysmo A Serviço da CIA Contra Os Países Socialistas” –Ludo Martens



Resenha – “O Trotskysmo A Serviço da CIA Contra Os Países Socialistas” –
Ludo Martens – 20 de Outubro de 1992 – Para a História do Socialismo – Tradução: Fernando A. S. Araújo



O problema da restauração capitalista na URSS e outros países do leste europeu como a Polônia e a Hungria, bem como o significado de mobilizações supostamente “democráticas” apoiadas pelo imperialismo ainda gera muita confusão nas fileiras da esquerda. Neste momento, uma onda de protestos em Hong Kong, articulada por estudantes financiados e apoiados pelo imperialismo britânico e norte-americano, é vista com simpatia por setores da esquerda pequeno-burguesa que veem os protestos como uma luta política, democrática e anti-burocrática. O PSOL lançou uma carta pública apoiando as manifestações. Considerando ser um partido de diversas tendências, subtende-se que todas as correntes internas do partido têm a mesma opinião.



Não faz muito tempo e estes mesmos setores viam com simpatia as mobilizações de rua na Ucrânia, atos que culminaram na ascensão da extrema direita naquele país e no assassinato em praça pública de militantes de esquerda. Setores mais tresloucados como o Movimento Esquerda Socialista (MES) e a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), ambos do PSOL, apostaram na frente única com os movimentos de rua articulados por provocadores financiados pelos EUA para desestabilizar Maduro na Venezuela.



Já o PSTU em pleno regime de estado de exceção no Brasil hesita em caracterizar os acontecimentos políticos de 2016 como um golpe de estado perpetrado pela direita e pela extrema direita, já que PT e PSDB seriam irmãos siameses, representantes ocasionais dos mesmos interesses da burguesia nacional e do imperialismo.



Toda a mistificação em torno da luta “democrática” e “anti-burocrática” da esquerda pequeno-burguesa, revisionista e trotskysta encontra explicação na própria tradição. Daí o vivo e atual interesse na leitura deste artigo do comunista belga Ludo Martens. O que há como denominador comum, neste caso, é a orientação política anti-comunista, de combate ao que se caracteriza como “stalinismo” por meio de uma frente que historicamente envolveu todos os elementos mais interessados na restauração capitalista e na aniquilação do marxismo-leninismo: do imperialismo ao nacionalismo e fascismo. A frente única com forças políticas da burguesia e da reação contra o que chamam de estados operários degenerados. A defesa de movimentos pró-imperialistas como a mobilização dos estudantes Tian Na Men no ano de 1989, a defesa pelos trotskystas (como Mandel) da Glasnost de Gorbatchov, passando pela apologia do multipartidarismo com a liberdade de criação de partidos burgueses anti-comunistas.



É interessante destacar que já nos anos de 1930, Joseph Stálin chamava atenção para o fato de que a luta de classes persiste como uma realidade objetiva e concreta na construção do socialismo, sendo possível a restauração capitalista, seja por meios violentos, seja por meios paulatinos e graduais. Trótsky posicionou-se de forma oportunista afirmando ser impossível a restauração capitalista na URSS sem um nível de violência dez vezes mais contundente do que a revolução de outubro. Os fatos da história dariam razão a Stálin: o socialismo na URSS foi sendo minado paulatinamento por dentro a partir de 1956, num processo que Ludo Martens caracteriza como contra-revolução de veludo. A Glasnost de Gorbatchov preparou de forma sistemática os espíritos para a restauração integral do capitalismo e, sintomaticamente, é no período da chamada abertura que nomes como Trótsky, Zinoviev e Bukharin são reabilitados na URSS.  Em 1989 no momento do assalto final da contra revolução na URSS os trotskystas da IV Internacional dirigidos por Mandel lançam a palavra de ordem de “solidariedade com a revolução que começa no leste”.



O trotskysta Mandel defende o solidariedade da Polônia, instrumento político que engendrou a aniquilação do socialismo e a restauração do capitalismo naquele país, tudo sempre sob a fraseologia esquerdista típica dos oportunistas, tratando o movimento como uma luta “anti-burocrática”, ou de jovens contra velhos, etc. O mesmo apoio foi dado à chamada primavera de praga de 1968 que nada mais foi do que uma contra-revolução de caráter social democrata. Vale dizer que Fidel Castro apoiou a repressão soviética, revelando sua coragem e coerência nos momentos difíceis.



Não é preciso salientar que o multipartidarismo defendido já pelos trotskystas nos anos de 1930-40 vai em sentido contrário da experiência soviética ao tempo de Lênin:



“Sim, é verdade que Lénine proibiu os partidos sociais-democratas, isto é, os mencheviques e os socialistas-revolucionários. Isto porque, na guerra civil, eles combateram ao lado do tsarismo, da burguesia e das forças intervencionistas; e porque foram esmagados juntamente com as forças feudais e burguesas. Lénine sublinhou várias vezes que um representante inteligente da grande burguesia, como Miliukov, compreendia perfeitamente que, numa primeira fase, só um partido de «esquerda», social-democrata, teria possibilidades de arrastar as massas para a luta antibolchevique. É por isso que Miliukov contentar-se-ia com mera legalização de um partido social-democrata...”



Mais recentemente, segundo Ludo Martens, trotskystas buscaram infiltrar-se em organizações como a Frente Sandinista e o Partido Comunista Cubano, denunciado sempre aqueles que são seus inimigos principais: não os fascistas que apoiaram desde a Ucrânia, nem os interesses multi-milionários do imperialismo britânico e norte americano na China, mas ao movimento comunista internacional.



Contudo, a prática é o critério da verdade e a vida vai ensinando os desavisados que o trotskysmo efetivamente continua sendo aquilo que Stálin o caracterizou há mais de meio século: “o trotskysmo é a socialdemocracia de direita, adornada com um fraseado de esquerda”.  

2 comentários:

  1. A social-democracia historicamente sempre foi o braço trabalhista da extrema direita. Pode se apresentar nos estados sólido, líquido ou gasoso. Mas é sempre social-democracia. A falácia trabalhista é para dourar a pílula dos interesses dos capitalistas que estejam no poder, e empurrar a economia neoliberal goela abaixo dos trabalhadores.

    Exemplo: o PT apoiou histericamente o fim do socialismo na Polônia (usavam orgulhosamente a camiseta do sindicato Solidariedade), deu hurras com a queda do muro de Berlim, teve 5 orgasmos com a desmantelação do Pacto de Varsóvia. Para os sociais-democratas o gen. Tito, Lech Walessa e Gorbatchev são exemplos de revolucionários. Defendem que Fidel é um ditador (mesmo não tendo a menor idéia do processo eleitoral em Cuba) e Che Guevara é racista.

    No Brasil, os sociais-democratas (leia-se petistas) defendem os juros estratosféricos, a taxa de câmbio baixa, as privatizações, o fim da defesa dos trabalhadores, o desvio dos recursos da saúde, da educação, da moradia para os banqueiros. Todas as principais bandeiras neoliberais da extrema direita, de Temer, boçalnaro, FHC, Aécio, Cunha, Fufuca et caterva.

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  2. Balela, trotsky tinha razão, dez vezes mais violento, mas não de fora ou diretamente da burguesia, de dentro do próprio partido comunista pela moderação stalinista

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