terça-feira, 7 de março de 2023

Fernão Cortez: O Conquistador do México

 Fernão Cortez: O Conquistador do México




              Resenha Livro – “Os Grandes Líderes: Cortez” – Ed. Nova Cultural


“As fantásticas histórias de Cristóvão Colombo circulavam por toda a Europa. As novas terras, misteriosas e ricas, constituíam o tema mais fascinante da época, rompendo com o mundo estreito de uma Europa semi-feudal. Índios, papagaios, macacos, bugigangas de ouro, trazidas do Novo Mundo, começavam a ser vistos nas cidades europeias, e os marinheiros que haviam aderido ao uso do tabaco, até então desconhecido dos europeus, exibiam-se soprando fumaça pela boca. Que jovem de 18 anos, cheio de vitalidade, não se sentiria atraído pelas perspectivas de conhecer essas terras distantes, que prometiam aventura, fama e ouro?”

 

Fernão Cortez ficou conhecido por ser o conquistadoor do atual território mexicano, mediante a subjugação dos Astecas e a mais completa destruição daquela civilização. Considerado por muitos mexicanos ainda hoje como um vilão, consta que a Cidade do México, criada por Cortez após a destruição de Tenochtitlán (capital do império Asteca), não possui estatuas em homenagem ao seu fundador.

 

Como tudo o que se refere a processos históricos de longa duração, que, aqui, dizem respeito à conquista da América pelos europeus, os maniqueísmos que dividem colonizadores e colonizados entre o maus e o bons, no mínimo, reduzem a complexidade dos conflitos em jogo.

 

Para aqueles que acreditam que a história não se limita a uma mera ordem cronológica de grandes eventos, mas como um processo, nem sempre pacífico, de evolução das civilizações, o papel dos colonizadores europeus foi acima de tudo progressivo.

 

Esta evolução histórica está associada ao maior domínio do homem sobre a natureza, às transformações progressivas das formas de trabalho, ao desenvolvimento da cultura e a maior complexidade nas relações sociais.  Dentro desta perspectiva, a conquista da América não pode ser reduzida a um mero “genocídio” perpetrado por colonizadores sedentos de sangue e ouro. O empreendimento colonial criou as condições para a superação do feudalismo na Europa, promoveu desenvolvimento das artes naquilo que ficou conhecido como Renascimento, promoveu a chamada acumulação primitiva que criou as condições para a Revolução Industrial: é parte integrante daquele processo de evolução histórica que nos levou aos dias de hoje.

 

Daí a importância de compreender o papel de Fernão Cortez, como um exemplo específico do grande empreendimento colonial luso espanhol.

 

O conquistador do México nasceu em Medelin na Espanha, no ano de 1465. Era filho de um oficial do exército e de origem aristocrática.

 

Naquele tempo, as opções profissionais de um jovem se limitavam ao ingresso no exército, no clero ou ocupando cargos burocráticos de Estado. Aos 14 anos de idade, Coortez ingressou na Universidade de Salamanca para estudar Ciências Jurídicas e Latim, abandonando os estudos dois anos depois.

 

O espírito inquieto e aventureiro o levou aos 19 anos a lançar-se em busca das índias ocidentais, dirigindo-se  à Ilha de Hispaniola (hoje República Dominicana e Haiti).

 

O local agregava aventureiros que buscavam enriquecer dada as vagas notícias da existência de grandes jazidas de ouro e prata no Novo Mundo. A conquista espanhola era motivada, basicamente, pela busca destas riquezas, ainda que formalmente era justificada como uma cruzada pela disseminação do cristianismo. Muitos se lançavam nesta aventura dado as estreitas possibilidades de ascensão social na Espanha daquele tempo.

 

Após alguns anos vivendo em Hispaniola, Cortez se engaja numa expedição de conquista de Cuba quando granjeia a confiança dos chefes políticos locais. Seria, assim, nomeado pelo representante do Rei em Hispaniola (Diego Velázques) para uma expedição para Yucatán, onde teria notícias da civilização asteca.

 

O Império Asteca era na verdade uma confederação de estados independentes sob o domínio dos Astecas, que em fins do século XV já haviam imposto sua dominação sobre os Maias.

 

Aos olhos dos espanhóis, os astecas pareceram uma estranha mistura de alta civilização e barbarismo selvagem. Possuíam um governo complexo dirigido então por Montezuma, uma arquitetura magnífica e um calendário mais preciso do que o dos europeus. Não dominavam a escrita e desconheciam o uso do ferro. O canibalismo e o sacrifício ritualístico de seres humanos eram praticados por todas as tribos, e em maior escala pelos Astecas. Havia relatos históricos de celebrações nas quais 20.000 corações humanos tinham sido arrancados do peito de prisioneiros para o culto dos deuses daquele povo.

 

A prevalência militar dos espanhóis sobre aquela civilização asteca originou-se do maior domínio da tecnologia.  Na época das navegações a Espanha já utilizava armas de fogo (mosquetes e canhões), subjugando os índios que os enfrentavam de arco e flecha e pedras. Além disso, os europeus, diferentemente dos índios, já conheciam o metal e produziam espadas, punhais e adagas.

 

Para além da pura dominação pela força, havia uma articulação política e uma espécie de “diplomacia” entre Cortez e as lideranças indígenas locais, capitaneadas por Montezuma. Muitas das tribos eram dominadas pelos astecas e viam nos espanhóis um aliado para a sua própria libertação.  

 

Quando os espanhóis chegaram em Tenochtitlán, foram recebidos de forma hospitaleira por Montezuma, ainda que nas comunicações travadas antes desta chegada, o líder dos astecas variava entre a cordialidade e a ameaça. A hospitalidade foi logo se tornando hostilidade, especialmente após os espanhóis profanarem os rituais religiosos bárbaros dos índios: mesmo havendo o interesse primordial pelo ouro e pela prata, a expedição ainda se ocupava de promover o cristianismo e superar a cultura pagã dos índios.

 

Em 25/07/1520, eclode a guerra aberta entre espanhóis e astecas que acarretaria na destruição de Tenochtitlán e na dizimação da sua populaação: os que não morreram pela espada e pólvora dos espanhóis, faleceram de epidemia de varíola, doença contra a qual os índios não tinham imunidade.

 

Para se ter uma dimensão da destruição promovida pelos espanhóis, temos que as estimativas mais conservadoras da população da capital Asteca era de 90.000. Era uma cidade mais populosa do que Paris e Londres do séc. XV que contavam com 65.000. Praticamente toda a população foi dizimada, a cidade destruída e sobre ela construída a atual Cidade do México.

 

Após a vitória sobre a mais desenvolvida civilização indígena do México,  ou mais exatamente em 15/10/1522, o rei espanhol Carlos V declarou Cortez governador na Nova Espanha. Contudo, havia uma desconfiança de que as habilidades militares do conquistador não eram necessariamente traduzidas em aptidão para a administração pública.

 

O seu poder foi esvaziado e Cortez foi gradualmente sendo preterido pelo Rei da Espanha, até a sua morte em 02 de Dezembro de 1547, já de volta à Espanha, onde se preparava para uma nova expedição já com mais de 60 anos de idade.

 




Cortez e Montezuma cumprimentam-se em Tenochtitlan em meio a um cerimonial em 1519. Montezuma reconheceu rapidamente a autoridade do rei da Espanha sobre o México, enquanto Cortez alegava ser amigo e não conquistador. Os dois mantiveram um estranho relacionamento de amigos e inimigos.

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